terça-feira, 4 de novembro de 2008

Simplesmente Heródoto



O jornalista Heródoto Barbeiro concedeu à Equipilantra uma entrevista para falar um pouco sobre alguns assuntos como política e blogs. Formado em História pela Universidade de São Paulo (USP), Barbeiro trocou a profissão de professor universitário depois de 20 anos para se dedicar ao Jornalismo. Hoje, é jornalista da Rádio CBN e da TV Cultura, além de gerente de jornalismo do Sistema Globo de Rádio – SP


EQ: você acha certo as mídias serem tão imediatistas?

H.B.: Não justifica que você publique na internet qualquer notícia que não seja apurada. O tempo da notícia não é a internet que dá, o tempo é você apurar corretamente para saber se ela é correta ou não.
No passado essa justificativa era dada muito no rádio, então você errava muito porque todo mundo queria ser o primeiro a dar a notícia.
Então não importa se é no rádio, uma mídia velha, ou na internet, que é uma mídia nova, o tempo é exatamente o tempo de eu apurar para saber se aquilo é verdade ou não.

EQ: o que o senhor acha sobre os blogs e o jornalismo online?

H.B.: Existe um jornal nos estados unidos chamado “Christian Science Monitor”, esse é um dos maiores jornais americanos, hoje ele deixou de ser publicado em papel e tinta e só tem na internet. Isso quer dizer que esta tudo passando pra internet.
O The New York times disse que aproximadamente em 2012 vai parar de circular em papel e tinta.
Não importa se é feito em papel ou em bits, o jornalismo é o mesmo e as regras são as mesmas.

Um blog não pode ser apenas o que eu penso do mundo, ao invés de ser um blog jornalístico ele é mais um diário. Mais importante que a tecnologia é o conteúdo.

EQ: o senhor acha que o jornalismo impresso vai acabar?

H.B.: Impresso papel. Por que quando é impresso pode ser impresso na tela. Por exemplo, qual é a diferença de você ler a coluna do José Simão na Folha de São Paulo no papel e na internet? Não é o mesmo texto?
O que determina essa mudança, não é o jornal e sim o público.
Eu era assinante da folha de São Paulo e tinha um bolo de papel na minha casa, então resolvi não assinar mais a folha e assinar o UOL. Isso acontece também, por causa da portabilidade. O jornal de papel, quando é colocado na internet ele se globaliza.

EQ: Qualquer blogueiro pode ser considerado jornalista?

H.B.: Uma coisa é você pensar na profissão como corporativa e outra como conteúdo. Eu sou a favor da escola e não do diploma. Na verdade o jornalismo tem que ser avaliado pela qualidade do que é produzido. Quem fez uma escola está melhor preparado para o mercado de trabalho. Nós precisamos mudar a nossa cabeça para uma nova era onde o que vale não é o papel, o que vale é a competência, é a dedicação, é a gente se aprimorar naquilo que queremos fazer. Quando eu sou jornalista? Quando eu tenho o diploma. E quando eu estou jornalista? Quando eu faço jornalismo.

EQ: O grande número de prefeitos reeleitos está ligada ao bom momento econômico brasileiro?

H.B.: Existem dois motivos: um é o cara usar a máquina para se reeleger, é muito mais fácil, mas esta cada vez mais difícil usar a máquina, porque a sociedade está fiscalizando cada vez mais. Outro motivo é quando eu elejo hoje, eu elejo por oito anos. Se ele é bom, ele continua, se ele não e bom, eu tiro o cara de lá.

EQ: Qual a importância do apoio do governador José Serra a reeleição de Gilberto Kassab? O senhor acredita que o governador foi o grande vencedor?

H.B.: Sem dúvida, se você quiser olhar para 2010, o grande vencedor foi o Serra. Ele mostrou que o lula não elege “poste”. Segunda coisa, ele conseguiu escantear o Aécio Neves. Com a reeleição de Gilberto Kassab, ele mostrou que o Aécio não tem lugar no PSDB para a presidência em 2010.

EQ: Qual a sua opinião em relação ao imenso índice de abstenção nessas eleições?

H.B.: Isso mostra que nós ainda não temos uma consciência política formada.

EQ: Se não fosse obrigatório esse número cairia?

H.B.: Não, se não fosse obrigatório imagina para quanto subiria esse numero? Eu pessoalmente, sou a favor do voto optativo, porque só deve votar quem quer votar. Quando você é obrigado, você vota em qualquer um.

Nenhum comentário: